quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Cisto ganglionar





Trata-se de um cisto sinovial originário do revestimento sinovial da bainha do tendão ou da articulação. É mais comum na região radial dorsal do punho, mas pode ser encontrado na região volar. Origina-se na parte profunda da articulação e pode ser sintomático antes de ser visível na superfície. É similar a uma bola plástica cheia de um líquido espesso, podendo ser duro ou de consistência gelatinosa, pode ou não ser doloroso, e pode aumentar ou diminuir de volume espontaneamente.    A origem normalmente é a área do ligamento escafossemilunar. Os cistos ganglionares são transparentes, o que ajuda a confirmar o diagnóstico.

CAUSAS

Acredita-se que a principal causa seja devido a movimentos repetitivos do punho com hiperextensão e vigorosa, mas sabe-se que pode ser causado também como conseqüência de uma artrose, traumatismo, ou mesmo sem razão específica, onde ocorre uma dilatação patológica da membrana sinovial de algum tendão que armazena a sinóvia, um líquido lubrificante que permite um melhor deslizamento dos tendões, dentro de suas respectivas bainhas. Estes líquidos lubrificantes contêm proteínas especiais que os fazem espessos fazendo com que nosso corpo tenha muita dificuldade em absorvê-los. O corpo tenta absorver estes líquidos, mas consegue apenas absorver sua água, tornando o cisto mais e mais espesso.

TRATAMENTO

O tratamento é a punção do cisto com agulha. As recidivas são variáveis. Nos adultos, sugerem-se as aspirações múltiplas, com índices de sucesso entre 51 e 85%. Caso as aspirações múltiplas não sejam bem sucedidas e os cistos recorram, podem ser retirados cirurgicamente.
O uso de órtese de imobilização é recomendado para deixar o punho em repouso, principalmente durante a noite. Pode ser utilizada a aplicação de cortisona, substância de ação local, irritante, e que promove um efeito “selante” na falha da capa do punho, o que diminui a inflamação. A dor é a indicação da necessidade do tratamento.

REFERÊNCIAS:

PRENTICE W. E, VOIGHT M. L. Técnicas em reabilitação musculoesquelética. ed. Artmed. Porto Alegre. 2001.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Síndrome da dor femoropatelar


A síndrome da dor femoropatelar (SDFP) é uma patologia caracterizada por uma estabilidade patelar e seu desenvolvimento é multifatorial, podendo ser provocada pelos seguintes fatores: pelve alargada, geno valgo, tubérculo tibial localizado lateralmente, patela alta, retináculo capsular medial frouxo, músculo vasto medial oblíquo insuficiente, retináculo capsular lateral retraído, pronação subtalar excessiva, retrações musculares, dentre outros.
Pacientes com a SDFP têm sintomas característicos relativamente comuns. Queixam-se de dor não-específica na porção anterior do joelho. Como não é fácil determinar um ponto específico, deve-se ter certeza de que a dor é real. A dor parece aumentar ao subir ou descer escadas ou ao mover-se da posição agachada para ortostática. Os pacientes também queixam-se de dor quando ficam sentados durante longos períodos, relatos de joelho com falseio prováveis, embora geralmente nenhuma instabilidade esteja associada a esse problema. Ao avaliar a patomecânica da articulação femoropatelar é necessário analisar o alinhamento estático e dinâmico e a orientação da patela.





Alinhamento estático

Os estabilizadores estáticos da articulação femoropatelar atuam para manter o alinhamento apropriado da patela quando não há movimento. Os estabilizadores estáticos superiores são os músculos quadríceps (vasto medial, v. intermédio, v. medial, reto femoral). Lateralmente, os estabilizadores estáticos são o retináculo lateral, o vasto lateral e o trato iliotibial. Medialmente, são o retináculo medial e o vasto medial. Inferiormente, o ligamento patelar.

Alinhamento dinâmico

O alinhamento dinâmico da patela é avaliado durante as atividades funcionais. Pode ser influenciado por fatores de controle muscular ou anatômicos. É essencial compreender que ambas as estruturas, estática e dinâmica, devem criar o equilíbrio de forças na região do joelho. Qualquer alteração nesse equilíbrio pode produzir o percurso impróprio da patela e a dor femoropatelar.

Ângulo Q aumentado

O ângulo Q é formado por uma linha imaginária que vai da espinha ilíaca ântero-superior até o centro da patela. Uma segunda linha, do tubérculo tibial até o centro da patela e cruza com a primeira linha, forma o ângulo Q, que em homens é considerado normal entre 10 e 12°, em mulheres, um pouco maior, entre 15 e 17°. Pode ser aumentado pelo deslocamento lateral da tuberosidade da tíbia, pela torção tibial externa ou pela anteversão do colo do fêmur. esse ângulo é uma medida estática e pode não ter correlação direta com a dor femoropatelar. Todavia, do ponto de vista dinâmico, quando aumentado pode incrementar a força do vetor valgo lateral, estimulando o percurso lateral e resultando em dor femoropatelar.








Insuficiência do vasto medial obliquo

O vasto medial obliquo (VMO) atua como estabilizador ativo e dinâmico da patela.  Em geral é tonicamente ativo na eletromiografia ao longo de toda a amplitude de movimento. No caso de indivíduos com dor femoropatelar, sua atividade é fásica, e tendem a perder resistência a fadiga.
É muito comum em pacientes com SDFP o desalinhamento ou insuficiência do vasto medial em relação ao vasto lateral (VL), que resulta em hipotrofia e diminuição da força desse músculo, desequilíbrio entre os componentes laterais e mediais do quadríceps e aumento das forças de reação e compressão femoropatelares. No momento em que há este desequilíbrio, sendo o VL mais ativo, a inclinação lateral ou o percurso lateral da patela pode ocorrer dinamicamente.




Pronação excessiva

A pronação excessiva pode ser decorrente de deformidades estruturais dos pés. Ocorre eversão subtalar e adução excessivas e rotação interna obrigatória da tíbia, aumento da rotação interna do fêmur e, portanto, aumento da força do vetor valgo lateral no joelho, que estimula o percurso lateral da patela.

Retração dos músculos isquiotibiais

A retração dos isquiotibiais causa aumento da flexão do joelho. Quando o calcanhar toca o solo, deve haver um aumento da flexão dorsal na articulação talocrural. O movimento excessivo da articulação subtalar pode ocorrer para permitir a flexão dorsal necessária, esse movimento produz pronação excessiva com aumento concomitante da rotação interna da tíbia e o conseqüente aumento na força do vetor valgo lateral.

Retração do músculo gastrocnêmio

A tensão do gastrocnêmio não permite os 10° de flexão dorsal necessários para a marcha normal. Mais uma vez, essa tensão produz movimento subtalar excessivo, aumento da rotação interna da tíbia e aumento na força do vetor valgo lateral.

Patela alta

No caso da patela alta, a razão entre o comprimento do ligamento patelar e a altura da patela é maior do que a razão normal de 1:1. Na patela alta, o comprimento do ligamento patelar é 20% maior do que a altura da patela. Isso cria uma situação em que é necessária maior flexão antes de a patela assumir posição estável dentro do sulco da tróclea, assim sendo, existe uma tendência maior de subluxação lateral.






Tratamento

Na prática clínica, o tratamento conservador da SDFP, objetiva o fortalecimento da musculatura adutora com o objetivo de diminuição do valgo do joelho, além do fortalecimento seletivo do VMO com o propósito de manter o equilíbrio das forças mediais e laterais que atuam sobre a patela e restabelecer a função normal da articulação femoropatelar, assim contribuir na manutenção do seu alinhamento, já que o vasto medial é o primeiro do grupo quadríceps femoral a perder força nos pacientes com SDFP e o que mais tardiamente responde aos efeitos da reabilitação.
A eletrotermofototerapia também é bastante usada para analgesia e ação antiinflamatória. A eletro-estimulação por Corrente Russa tem se mostrado bastante eficaz no recrutamento de unidades motoras do VMO, sendo uma importante ferramenta no tratamento da SDFP.
Outro recurso, ainda pouco utilizado especificamente para esta patologia, é a confecção de palmilhas ortopédicas, com o auxílio da baropodometria, para diminuição da influência de deformidades estruturais do pé.


Referências

BEVILAQUA-GROSSI D., et al. Avaliação eletromiográfica dos músculos estabilizadores da patela durante exercício isométrico de agachamento em indivíduos com síndrome da dor femoropatelar. rev. Bras Med Esporte. v. 3. nº 11. 2005
SILVA L., et al. Atividade eletromiográfica do músculo vasto medial oblíquo após estimulação elétrica neuromuscular. rev. Terapia Manual. 2011; v. 9. nº 42. 2011.
PRENTICE W. E, VOIGHT M. L. Técnicas em reabilitação musculoesquelética. ed. Artmed. Porto Alegre. 2001.

domingo, 20 de novembro de 2011

Presidente Dilma lança programas que incluem os fisioterapeutas

          
           Melhorar o atendimento nos hospitais e domiciliar é um dos desafios que a presidente do Brasil encontrou desde o início do seu governo. Entre outras medidas, Dilma Rousseff acaba de anunciar a criação de dois programas importantes para a saúde pública brasileira. O “Melhor em Casa” prevê atendimento domiciliar a pacientes que não precisam ficar internados, cuja intenção é diminuir a demanda de atendimentos em hospitais. As mil equipes serão compostas por médicos, fisioterapeutas, técnicos em enfermagem e enfermeiros. A previsão de investimento é de R$ 1 bilhão e estima-se que os grupos de trabalhos sejam formados até 2014.  

       As equipes serão contratadas por gestores locais, por isso, é importante a adesão dos Estados e municípios, incluindo o Distrito Federal. "Esse é um aprendizado da medicina nos últimos anos: nós aprendemos no dia a dia, percebemos que alguns dos procedimentos que tradicionalmente são realizados dentro dos hospitais poderiam ser realizados dentro de casa com melhor resultado, (...) vendo a pessoa como ser humano", afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. 

       Segundo o ministro, a iniciativa poderá reduzir, por exemplo, os números de infecções hospitalares. Padilha ainda destacou que o ministério ficará responsável por todas as despesas do programa. A previsão é de que 110 equipes sejam cadastradas ainda neste mês, sendo que a média de atendimento mensal de cada uma delas será de 60 mil pacientes. O ministro da Saúde anunciou ainda a assinatura de portaria com o Ministério de Energia que prevê isenção total de tarifa de energia em residências onde existam equipamentos médicos que necessitem de eletricidade.

       Para o presidente do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO), Roberto Cepeda, a inclusão de fisioterapeutas no programa representa uma grande conquista para a categoria.

          O “SOS Emergência”, por sua vez, tem como meta qualificar os maiores hospitais de urgência e emergência do Brasil. A meta é atingir 40 unidades de atendimento até 2014. Entre outros benefícios, o programa destinará para cada hospital, anualmente, R$ 3,6 milhões para ampliação e qualificação do atendimento. Há ainda uma verba adicional de até R$ 3 milhões por hospital para compra de equipamentos e reformas. A ideia é criar comitês de qualidade nos hospitais para reformular e agilizar o atendimento, por exemplo. "Queremos entrar em campo com os trabalhadores de saúde para apoiar quem quer fazer mudanças", disse Padilha.

Fonte: www.coffito.org.br
           www.brasil.gov.br

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Desrespeito dos CREFITOs aos fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais!

Todo profissional, independente de sua área de atuação, almeja um bom emprego, que seja seguro e lhe dê uma estabilidade. Atualmente a melhor alternativa tem se tornado os concursos públicos, os quais muitas vezes têm desrespeitado algumas leis trabalhistas em seus editais, como por exemplo, a carga horária estabelecida para cada profissional.
Como este blog é voltado para a área da saúde, principalmente a fisioterapia, a crítica será voltada para os conselhos regionais de fisioterapia e terapia ocupacional (CREFITO), que deveriam fiscalizar todas as atividades que envolvem os direitos de sua classe.
Tenho acompanhado durante o ano os concursos abertos com vagas para fisioterapeutas e percebi que em muitos deles há definição carga horária de 40h semanais para cargo de fisioterapeuta, quando segundo a Lei nº 8.856, de 1º de março de 1994, a carga horária estabelecida para o cargo é de 30h semanais. Seria responsabilidade dos conselhos regionais fiscalizarem e notificarem os responsáveis pelos concursos para que possa ser reajustada sua jornada de trabalho, como fez o CREFITO-12 este ano quando notificou as prefeituras de Pacajá – PA e Xambioá – TO.
Infelizmente a maioria dos conselhos regionais não tem se preocupado, não tendo cumprido corretamente sua função, sendo que a cada dia mais concursos tem estabelecido cargas horárias impróprias e com salários indignos para os fisioterapeutas. Talvez isto aconteça por falta de conhecimento das nossas leis trabalhistas, pois este ano três conselhos regionais (CREFITO-3/SP, CREFITO-6/CE-PI e CREFITO-13/MS), estando dois ainda em aberto, lançaram editais de concurso para vaga de fiscal fisioterapeuta com carga horária de 40h semanais, o que é um absurdo, pois como um órgão que foi criado justamente para fiscalizar e fazer cumprir as leis e resoluções vinculadas às profissões descumpre uma destas leis?!
Para quem não lembra ou desconhece as competências de um conselho regional, vou postá-las aqui:
  • Fiscalizar o exercício profissional;
  • Expedir a carteira de identificação profissional;
  • Cumprir e fazer cumprir as leis, resoluções, decretos e normas vinculadas às profissões;
  • Ser um mediador regional de ética;
  • Estimular o reconhecimento profissional participando de eventos para falar das profissões, apoiando e estimulando os eventos;
  • Apoiar e estimular as entidades de classe.
As vezes eu me pergunto, e gostaria de deixar aqui esta pergunta: Até quando nossa classe vai ser tão desunida que até mesmo nossos conselhos regionais não se importam com nossos interesses? Algo precisa ser feito!

Referências:

www.coffito.org.br
www.crefito12.org.br
www.fisioconcurso.com.br

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Aprovado novo Piso Salarial para Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais!


PL nº5979/2009 é aprovado

A reunião da Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF), realizada nesta quarta-feira (19), encerrou com um balanço positivo. Durante o encontro, foi aprovado o Projeto de Lei nº 5979/2009, do deputado Mauro Nazif, que acrescenta dispositivo à Lei nº 8.856, de 1º de março de 1.994, a fim de dispor sobre o piso salarial dos profissionais fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais (fixa em R$ 4.650,00).
Agora, a matéria seguirá para apreciação da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público (CTASP). Posteriormente, deverá ser apreciada ainda pelas Comissões de Finanças e Tributação (CFT) e de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC). 
O relator do projeto, deputado Paulo César (PR-RJ) defendeu que a medida irá assegurar as condições dignas para aperfeiçoamento da qualidade das atividades dos fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais. Além disso, ressaltou a importância da promoção, prevenção e preservação da saúde de todos os brasileiros.

Fonte: www.coffito.org.br

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Disfunção Temporomandibular

Para entendermos melhor as disfunções temporomandibulares é preciso primeiro saber um pouco sobre a articulação temporomandibular (ATM), procurei simplificar bastante, pois há muito a se falar sobre sobre esta articulação que ao contrário do que alguns pensam, por falta de informação, é bem complexa.

Articulação temporomandibular é um conjunto de estruturas que permite à mandíbula movimentar-se em torno de um osso fixo durante a fala, mastigação, etc. Possui intima relação com os dentes e faz parte do sistema estomatogmático (conjunto de órgãos e tecidos que atuam de forma integrada e participam dos processos de mastigação, deglutição, respiração, fonação e postura.
É uma articulação sinovial do tipo gínglimo modificada, tri axial, pois se movimenta em três planos e são classificadas como articulações solidárias, pois uma depende da outra.

Anatomia da ATM

É formada em seus componentes ósseos pelo osso temporal e a mandíbula. No osso temporal mais especificamente na parte escamosa, encontra-se a fossa mandibular e anteriormente a essa, o tubérculo articular. Na mandíbula o côndilo é o responsável pelo movimento da articulação.
Em relação a tecidos moles, é constituída por cápsula articular, disco articular, ligamentos (temporomandibular, esfenomandibular e estilomandibular),dentes e pelos músculos da mastigação, em especial, M. Temporal, Pterigóideos Lateral e Medial, Masseter e Digástricos.

  


ATM – Posição fechada


Figura 1 - O osso mandibular é separado do crânio por um disco flexível (menisco), que atua amortecendo o impacto quando falamos, mastigamos e engolimos

ATM – Posição Aberta


Figura 2 - O disco acompanha o movimento de translação da mandíbula e se posicionando anteriormente  abaixo do tubérculo articular.


Biomecânica da ATM

·   Sua anatomia permite os movimentos de abertura e fechamento da boca, lateralização, protusão e retrusão da mandíbula;
·       Eixo de rotação móvel para permitir maior amplitude sem impacto;
·   Articulação considerada incompleta, pois precisa do disco articular para se movimentar.

Movimento de Abertura e fechamento:

Resultam em dois deslocamentos, um movimento de rotação na articulação meniscomandibular, e um movimento de translação anteroposterior dos côndilos mandibulares na articulação temporomeniscal.

Abertura:

Na articulação meniscomandibular, o côndilo mandibular faz uma rotação de aproximadamente 15° sobre um eixo transverso. A projeção anterior do menisco é freada pela tensão do freio meniscal posterior.
Na articulação temporomeniscal, ocorre o movimento de translação. O côndilo mandibular e o menisco se deslizam anteriormente, sendo que o menisco faz esse movimento numa amplitude e velocidade maiores que o côndilo.
O movimento de abertura é limitado pela tensão imposta ao ligamento lateral externo da ATM e pelos músculos da elevação da mandíbula.

Fechamento

Ocorre o movimento inverso ao da abertura, deslizamento posterior do côndilo, seguido de um movimento de dobradiça.

Protusão

Movimento de deslizamento anterior que ocorre na articulação meniscotemporal.  A amplitude máxima gira em torno de 1,5 cm e é limitado pelos freios meniscais posteriores. Quando a boca está aberta esse movimento é menor, pois os ligamentos estilomandibular e esfenomandibular limitam o movimento.

Retrusão

Ocorre o retorno do movimento, limitado pela compressão dos elementos retromandibulares

Lateralização

Ocorre em um plano horizontal, no qual envolve a rotação de um côndilo na fossa articular enquanto o outro côndilo desliza anteriormente, para levar a mandíbula para a esquerda, o côndilo esquerdo roda e o direito desliza anteriormente. Esta rotação acontece num eixo vertical.

Disfunções Temporomandibulares (DTMs)

O termo disfunção temporomandibular ou crâniomandibular, designa alterações envolvendo a ATM e seus componentes funcionais (músculos, ligamentos, disco articular). Engloba variadas desordens relacionadas ao sistema mastigatório e que se manifestam principalmente com: dor, que pode irradiar para cabeça e braços; estalos ou crepitações; dificuldades de abrir ou fechar a boca. Podendo aparecer, em alguns casos, dor na região supraorbitária e nos olhos, zumbido, dor de ouvido ou vertigem, este último o qual muitas vezes é confundindo com labirintite.

         Sintomas musculares

Geralmente há dor e contratura ao redor da mandíbula e nas têmporas, que devem-se principalmente ao uso excessivo da musculatura, na maioria das vezes decorrente de um estresse psicológico que faz com que o indivíduo aperte ou ranja os dentes.
As desordens musculares podem ocorrer devido ao uso excessivo e incorreto da ATM, em que os músculos sobrecarregados desenvolvem estados de contratura e espasmos dolorosos. Os músculos envolvidos nos movimentos da ATM são exatamente os envolvidos com o processo mastigatório. Os hábitos parafuncionais são os grandes responsáveis pelo estresse muscular que inicia com situações de contratura, evoluindo para miosites.

Sintomas otológicos

É comum que pacientes com DTMs queixem-se de dor no ouvido. O ouvido encontra-se no osso temporal e relaciona-se com o côndilo mandibular, separado deste apenas pela parede timpânica. A proximidade do ouvido com a ATM e os músculos da mastigação como também suas inervações comuns no trigêmio, criam uma condição frequente de dor reflexa.

Sintomas Labirínticos

As tonturas ou vertigens, são originadas, em grande parte dos casos, em virtude de um ligamento que está em contato com o labirinto e um músculo, que é tracionado quando ocorre um desequilíbrio na musculatura da ATM, causando uma sensação de perda do equilíbrio ou tontura muitas vezes bastante acentuada, que normalmente melhoram com o tratamento da ATM.

   Etiologia

Há um consenso entre os autores de pesquisas científicas a cerca das DTMs, que a etiologia destas disfunções é multifatorial. Acredita-se que alterações funcionais, estruturais e psicológicas estejam reunidas e sejam desencadeadoras dos sintomas.
Diversos fatores causais podem estar relacionados à etiologia das DTMs, como: má oclusão, edentulismo, próteses totais (dentaduras), parciais (ponte móvel) ou pontes fixas mal adaptadas, mastigação unilateral, hábitos parafuncionais, tensão emocional, stress, traumas articulares agudos e crônicos, patologias sistêmicas, entre outros. Muitas vezes, esses fatores apresentam-se associados em um mesmo indivíduo.

Hábitos Parafuncionais

Certos hábitos podem causar pressões inadequadas na ATM, causando microtraumatismos articulares. Com a continuidade destes microtraumatismos, podem ocorrer alterações intra-articulares, como: deslocamento de disco articular, alterações capsulares e ligamentares, diminuição de líquido sinovial, entre outras. Por exemplo, abrasão dentária pode agravar situações preexistentes, tais como mordida profunda ou um edentulismo parcial, com perda da dimensão vertical e deslocamento mandibular. Em outros casos, o bruxismo pode levar a uma nova posição intercuspidal e deslocamento mandibular severo.
Entre hábitos parafuncionais mais comuns, pode-se citar: apertamento dental diurno (briquitismo) ou noturno (bruxismo), apertamento de lábios, colocação de objetos entre os dentes, apoio com a mão na mandíbula, onicofagia, remover cutículas com os dentes, mascar chiclete, mastigar de um só lado, apoiar a mão sobre o queixo enquanto dorme.

Oclusão

Os dentes são responsáveis pelo perfeito equilíbrio dos músculos, da articulação e dos ligamentos, possuindo estreita relação com o adequado funcionamento da ATM. Em decorrência disso, falhas na dentição ou alterações oclusais podem sobrecarregar a articulação, causando dor e outros sintomas.

Boa oclusão

Uma boa oclusão deve permitir: boa fonação, deglutição e mastigação. Os fatores para que ocorram uma boa oclusão são: integridade dento-dentais corretas, relações dento-dentais corretas, sistema muscular equilibrado.

Má oclusão

Refere-se ao desalinhamento dos dentes e/ou             relações incorretas entre os dentes das duas arcadas dentárias. A maioria das pessoas tem algum grau de má oclusão, embora não seja sério suficiente para se buscar tratamento. A correção da má oclusão, seja por tratamento ortodôntico ou cirúrgico, ajuda a diminuir a pressão nas ATMs.

Relação entre fatores posturais e oclusão

As DTMs podem ser desencadeadas ou agravadas por alterações do padrão postural adequado. Estas podem alterar a posição do osso hióide e consequentemente da posição postural da mandíbula (pela ação dos M. supra-hióideos). Podem ocorrer alterações morfofuncionais ao redor dos músculos da cabeça, pescoço e ombros.
Funcionalmente, a coluna cervical, a ATM e as articulações entre os dentes estão intimamente relacionadas. A anormalidade funcional ou má posição de uma delas pode afetar a função ou posição das outras. O equilíbrio entre os flexores e extensores da cabeça e pescoço é afetado pelos músculos da mastigação e pelos músculos supra e infra-hióideos.
A postura da cabeça e do pescoço, e a oclusão, são mutuamente relacionadas, assim a postura ideal é dividida em três classes sendo:

ü  Classe I (oclusão normal): os dentes inferiores devem estar circunscritos pelos dentes superiores, em intercuspidação máxima, os incisivos superiores devem recobrir um terço dos inferiores.
ü  Classe II: recuo relativo da mandíbula, os molares superiores e inferiores perdem a distância normal de meio dente de defasagem.
ü  Classe III: avanço da mandíbula para frente, posição baixa da língua. Postura militar-cabeça para trás em retração, tórax inflado.


Tratamento

Da mesma forma que o diagnóstico das DTMs necessita de uma abordagem interdisciplinar, seu tratamento só ocorre também de maneira integral com a atuação de diversas categorias de profissionais. Os mais frequentemente envolvidos são médicos, odontólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e pscólogos.

Tratamento cirúrgico

O tratamento raramente é cirúrgico. Entre as principais indicações cirúrgicas estão: hiperplasia unilateral do processo condilar da mandíbula (aumento de volume da cabeça da mandíbula, resultando em assimetria facial), síndrome do primeiro e segundo arcos branquiais (hipoplasia unilateral da mandíbula), osteoartrite, artrite reumatóide com anquilose instalada, luxação grave e recidivante, presença de tumores ou cistos.

Assistência Odontológica

Normalmente a odontologia utiliza-se inicialmente da colocação de placas interoclusais, feitas de material rígido que possuem diversas denominações (placa estabilizadora, placa noturna, splint oclusal, placa de Michingan, etc). Estas placas são normalmente móveis e podem ser confeccionadas em acrílico ou silicone. Proporcionam o alívio da dor e o relaxamento da musculatura facial, possibilitando um posicionamento adequado dos músculos, ligamentos e componentes articulares.
Também pode ser feito um ajuste oclusal ou uso da terapia ortodôntica com utilização de aparelhos fixos em um período inicial, o que geralmente não é muito recomendado, sendo somente utilizada quando os principais sinais e sintomas de dor forem eliminados e o paciente se encontra estável.

Assistência Fonoaudiológica

O objetivo principal da assistência fonoaudiológica é adequar a tonicidade e a mobilidade muscular, adaptando as funções estomatognáticas (sucção, mastigação, deglutição, fala e fonação). Pode abranger vários aspectos como: conscientização e propriocepção, mioterapia e terapia miofuncional.

Assistência Psicológica

Muitos pacientes com DTM apresentam alterações emocionais importantes. O estresse e ansiedade podem ocasionar apertamento dental e bruxismo, além de tensão muscular exagerada. A dor pode produzir mudanças de comportamento do paciente, que passa a irritar-se a pequenos estímulos. A assistência psicológica é um importante suporte para remissão para a remissão da sintomatologia e manutenção dos resultados obtidos com tratamentos físicos.

Assistência Fisioterapêutica

A fisioterapia tornou-se parte integral da abordagem interdisciplinar para o tratamento das DTMs e outras condições de dor orofacial. Tem como objetivo minimizar a sintomatologia dolorosa, restaurar a função muscular, melhorar a amplitude de movimento, melhorar a postura, reeducar o paciente em relação ao posicionamento correto da mandíbula, reduzir a carga na ATM, evitando a necessidade de cirurgias articulares.
A fisioterapia dispõe de diversos recursos em seu arsenal terapêutico capazes de reduzir a dor, acelerar o processo de reparo tecidual e melhorar a função muscular destes pacientes. Entre estes recursos, podem-se citar: orientações e cuidados gerais, eletrotermofototerapia, cinesioterapia, reeducação postural, manipulações articulares, entre outros.



       Referências:

  1. BARROS, J. J; RODE, S. M. Tratamento nas disfunções temporomandibulares e ATM. São Paulo: Santos, 1995. 
  2. BIASOTTO-GONZALEZ, D. A. Abordagem interdisciplinar das disfunções temporomandibulares. São Paulo: Manole, 2005. 
  3. BRICOT, B. Posturologia. São Paulo: Ícone, 1999. 
  4. GARCIA, A.R.; SOUZA, V. Desordens temporomandibulares: causa de dor de cabeça e limitação da função. Rev. Assoc. Paul. Cir. Dent., v.52, n.6, p.480-486, 1998. 
  5. MACIEL, R. N. Oclusão e ATM: Procedimentos Clínicos. São Paulo: Santos, 1998. 
  6. MOLINA, O. F. Fisiopatologia craniomandibular: oclusão e ATM. São Paulo: Pancast, 1989.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Aprenda um pouco sobre o Watsu!


O Watsu, também conhecido como "Water Shiatsu", aquashiatsu ou hidroshiatsu, foi criado por Harold Dull em 1980. São aplicados alongamentos e movimentos do zen shiatsu na água, incluindo alongamentos passivos, mobilização de articulações e "hara-trabalho", bem como pressão sobre "tsubos" (acupontos) para equilibrar fluxos de energia através dos meridianos (caminhos de energia)2.

O Watsu pode ser aplicado em piscinas que possuem um ou mais níveis de profundidade. Cuja, temperatura ideal é estimada em 35 º C dependendo do grupo e da patologia que o indivíduo apresenta4.
A utilização do método Watsu como recurso hidroterapêutico em pacientes portadores de dor crônica generalizada como a fibromialgia, parece oferecer estratégias para ajudar no tratamento dos mesmos, visto que possui caráter suave, mas de efeito profundo e grande potencial terapêutico. Esse trabalho corporal é desenvolvido em água especialmente aquecida, em que o instrutor conduz o recebedor a alongamentos, balanços simples, manipulações terapêuticas e movimentos rítmicos, ora livres ora seqüenciais5, 7.
As propriedades físicas e o aquecimento da água desempenham um papel importante na melhoria e na manutenção da amplitude de movimento das articulações, na redução da tensão muscular e no relaxamento. Como recurso que utiliza os efeitos físicos, fisiológicos e cinesiológicos advindos da imersão do corpo em piscina aquecida, destaca-se a fisioterapia aquática que auxilia a reabilitação ou prevenção de alterações funcionais3.
A técnica inicia-se com a sincronia entre instrutor e recebedor, ao respirarem juntos. O terapeuta irá flutuar o paciente, mantendo sua cabeça em posição neutra, segura e confortável, evitando a hiper-extensão4.
O nariz do recebedor permanece fora da água. Os ouvidos são mantidos por quase toda sessão imersos, porém por alguns momentos podem ficar em contato com o ar mais frio, estimulando o sistema sensorial primário5.
O corpo do indivíduo será mantido na posição horizontal, sempre sustentado pelo instrutor, que realizará a seqüência de movimentos que incluem massagens, alongamentos e trações1.
Em condições de flutuação, onde o paciente permanece deitado de costas na água, não há nenhuma superfície firme contra a qual os músculos possam reagir. A modulação de reflexo a estiramento é mínima, se existe, fazendo com que haja uma redução do tônus muscular após um período mínimo de 15 minutos6.
Vale ressaltar que o paciente não é necessário ter um grande grau de flexibilidade, posto que as técnicas de Watsu conseguem se adequar ao mesmo4.




Referências

1. ALMEIDA, R.; M.; BORGES, D. D. M.; SILBERBERG, K. A influência do watsu na espasticidade em um portador de lesão medular torácica alta devido a trauma na medula espinhal – estudo de caso. Trabalho de conclusão de curso, Universidade da Amazônia/CCBS, Belém, 2004.
2. BIASOLI, M. C.; MACHADO, CASSIANO, C. M.; Fibromialgia e exercícios físicos. Revista Brasileira de Medicina, v. 65, n. 5, mai 2006
3. CAROMANO, F. A, CANDELORO, J. M. Efeito de um programa de hidroterapia na flexibilidade e na força muscular de idosas. Revista Brasileira de Fisioterapia, São Carlos, v. 11, n.4, p. 303-309, jul./ago. 2007.
4. DULL, H. Watsu – exercícios para o corpo na água. Summus: São Paulo, 2001.
5. GARTHOFF, U. Apostila do Curso de Watsu – Nível II. Watsu Center: São Paulo, 2007.
fibromialgia: Atualização. Neurociências. Minas Gerais, n.3, jul/set. 2004.
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8. Site: www.wellfisiocursos.com.br