A Síndrome do túnel do carpo (STC) é uma neuropatia periférica que ocorre devido à compressão do nervo mediano no nível do punho. O túnel do carpo é composto por ossos carpais dorsalmente e pelo ligamento transverso do carpo volarmente. O M. flexor superficial dos dedos (FSD) e o flexor profundo dos dedos (FPD), o flexor longo do polegar (FLP), o nervo mediano e a artéria mediana situam-se no túnel do carpo. Caso os tendões fiquem inflamados, o espaço no interior do túnel do carpo é diminuído e o nervo é comprimido. A pressão também pode ser aumentada pela flexão ou extensão excessivas do punho.
Sinais e Sintomas
Os sintomas clássicos são dormência, formigamento do polegar à metade radial do dedo anular, predominante durante a noite, dor e imprecisão de movimentos ou enfraquecimento da mão. Afeta as duas mãos em 60% dos casos. Eventualmente ocorre em todo o membro superior.
Mecanismo de lesão
As causas mais comuns são a exigência de flexão do punho, a extensão do punho e a tenossinovite (inflamação da membrana que recobre o tendão) a nível do tendão dos flexores. Neste caso os tendões inflamados levam a uma compressão crônica e intermitente do nervo mediano que é a estrutura mais sensível do conjunto que compõe o túnel do carpo.
As pessoas mais acometidas são as que trabalham com movimentos repetitivos, como digitação ou tocar violão, podendo ocasionar as famosas L.E.R (Iesões por esforço repetitivo). Pode também acontecer devido a alterações hormonais como menopausa e gravidez; fato que explica o porquê da maior incidência em mulheres. Outras doenças associadas são diabetes mellitus, artrite reumatóide, doenças da tireóide e tumores.
Diagnóstico
O diagnóstico da síndrome do túnel do carpo é baseado nos sintomas característicos e na comprovação da compressão do nervo por um exame chamado eletroneuromiografia; nesse exame os nervos do antebraço, punho e dedos são estimulados por choques de pequena intensidade sendo o resultado medido na tela do aparelho.
A confirmação do diagnóstico de síndrome do túnel do carpo pode ser obtida quando a percussão sobre a projeção do ligamento carpal volar é capaz de reproduzir a dor (sinal de tínel).
Os sintomas comuns a síndrome, como parestesias dos dedos, podem ser reproduzidos mediante a flexão máxima do punho e a manutenção do mesmo nesta posição por no mínimo um minuto (teste de Phalen).
Sinal de Tínel
Tratamento
O tratamento leva em conta o grau de comprometimento, se for leve recomenda-se a utilização de tala noturna com o punho na posição neutra e uso de antiinflamatório não-hormonal. Não havendo melhora, pode ser aplicada cortisona dentro do canal do carpo para alívio dos sintomas e encaminhamento para fisioterapia.
Tratamento Fisioterapêutico
A diminuição do edema gerado pela inflamação das estruturas vizinhas ao nervo mediano deverá ser o primeiro objetivo do tratamento fisioterápico (a tendinite é a principal causa) por isso devemos utilizar o ultra-som e/ou laser que possui princípios analgésicos e antiinflamatórios acompanhados de manipulações da região acometida.
O uso da eletroterapia com a TENS ou Corrente interferencial também pode ser usada como forma de alívio da dor.
A orientação quanto às atividades da vida diária (AVDs) devem ser dadas privilegiando a biomecânica funcional do membro.
Exercícios de alongamento dos flexores dos dedos e do punho sob orientação do profissional são benéficos para melhorar a função e aumentar a formação de líquido sinovial auxiliando com isso, a lubrificação dos tendões, bainhas e fáscias adjacentes (tendões lubrificados diminuem o atrito entre as bainhas evitando a inflamação).
Caso o tratamento conservador não apresente resultados, a intervenção cirúrgica através da liberação do túnel do carpo pode ser realizada. A reabilitação após a liberação consiste de massagem sobre a cicatriz e exercícios de amplitude de movimento (ADM). Os exercícios de deslizamento do tendão são realizados para melhorar a ADM e o isolamento dos tendões. Esses exercícios começam com a extensão total dos dedos e, em seguida, com o punho cerrado e recurvado, a fim de maximizar a ultrapassagem do FDP em relação ao FSD, em seguida, com o punho cerrado e esticado, a fim de maximizar a ultrapassagem do FSD e, finalmente, com o punho composto. A extensão total deve ser realizada entre cada posição. A ADM do punho também deve ser executada.
A seqüência de tratamento deve se dar com o fortalecimento da força de preensão. Os exercícios devem começar lentamente, para não aumentar os sintomas. O fortalecimento do punho também pode ser efetuado e, normalmente, começa duas a quatro semanas após a cirurgia, depois da consulta ao médico.
Recomendações
Tentar evitar atividades que impliquem movimentos de flexão e extensão do punho.
Dar intervalos de 05 à 10 min a cada meia hora de trabalho contínuo onde há movimentos repetitivos, como digitação, fazendo alongamento de punho de 10 à 15 segundos.
Sente-se corretamente e apóie os braços e punhos quando usar o computador. Não se esqueça de que seu uso inadequado é um fator de risco para a L.E.R e a síndrome do túnel do carpo.
Referências
PRENTICE W. E, VOIGHT M. L. Técnicas em reabilitação musculoesquelética. ed. Artmed. Porto Alegre. 2001.